Setor de Serviços Assume Papel Central na Retomada do Emprego com Carteira Assinada

Em 2025, o Brasil atravessa um momento de consolidação econômica, marcado por uma reativação significativa do mercado de trabalho formal. Neste cenário, o setor de serviços emerge como o principal propulsor da criação de vagas formais. De janeiro a maio, esse setor respondeu pela abertura de 562.984 novos postos de trabalho com carteira assinada — número que representa mais da metade de todos os empregos formais gerados no país nesse intervalo. A relevância desses dados confirma o papel estratégico do setor terciário na geração de renda e na revitalização econômica nacional.

A performance destacada do setor está diretamente ligada à sua capacidade de adaptação às mudanças sociais e econômicas recentes, intensificadas com o fim das restrições pandêmicas. Empresas de diferentes portes revisaram seus modelos operacionais, investiram em transformação digital, diversificaram seus serviços e passaram a atender um público mais exigente e conectado. Isso desencadeou uma oferta ampliada de empregos em áreas como saúde, educação, tecnologia, logística, turismo, alimentação, entretenimento e cuidados pessoais.

Fatores Econômicos e Sociais que Estimularam o Avanço

O crescimento do setor de serviços está vinculado a um conjunto de fatores econômicos e sociais favoráveis. A queda gradual da inflação, aliada a ações governamentais de incentivo ao crédito e à recuperação da confiança do empresariado, criou um ambiente propício à expansão dos negócios e à contratação formal de trabalhadores.

O aumento do consumo interno, impulsionado pela ampliação de programas sociais, valorização do salário mínimo e estabilidade da renda familiar, também desempenhou papel crucial. Com a elevação da demanda por serviços de qualidade, as empresas intensificaram a contratação de mão de obra qualificada para atender às novas exigências do mercado.

A transformação nas formas de trabalho — com destaque para o fortalecimento do regime híbrido, a valorização do atendimento personalizado e a diversificação dos canais de prestação de serviço — favoreceu ainda mais a expansão do setor. Essa flexibilidade operacional tornou os serviços mais ágeis na absorção de trabalhadores, ampliando significativamente a empregabilidade.

Setores com Maior Participação na Geração de Empregos

Entre os diversos segmentos do setor de serviços, alguns se destacaram pela elevada criação de empregos:

Saúde

Com o envelhecimento da população e a proliferação de clínicas acessíveis e serviços de atenção domiciliar, cresceu a demanda por enfermeiros, técnicos em enfermagem, cuidadores e atendentes especializados.

Educação

O retorno pleno das atividades presenciais e a popularização dos cursos híbridos impulsionaram a contratação de professores, coordenadores pedagógicos, auxiliares administrativos e outros profissionais do setor.

Tecnologia da Informação

A digitalização das empresas brasileiras promoveu a busca por desenvolvedores, analistas de sistemas, especialistas em cibe segurança e suporte técnico. A demanda por soluções baseadas em inteligência artificial e automação elevou o patamar do setor e gerou empregos de alto valor agregado.

Turismo, Hotelaria e Alimentação

A retomada de eventos, o aquecimento das viagens e a realização de feiras presenciais aumentaram a necessidade de mão de obra em recepção, gastronomia, serviços de limpeza, transporte turístico e atendimento ao cliente.

Indústria e Construção Civil: Contribuição Relevante, Mas Secundária

Apesar da predominância dos serviços na geração de empregos, a indústria e a construção civil também apresentaram resultados positivos. A indústria de transformação gerou cerca de 176 mil vagas, com destaque para os segmentos alimentício, têxtil, químico e metalúrgico. Já a construção civil, alavancada por investimentos públicos em infraestrutura e habitação, respondeu pela criação de aproximadamente 144 mil empregos formais, impulsionada por obras de saneamento, urbanização e ampliação viária.

Ainda assim, esses setores demandam investimentos mais elevados e prazos de execução mais longos, o que os torna menos dinâmicos na geração de empregos imediatos quando comparados ao setor de serviços.

Tendência Estrutural: A Terceirização da Economia Brasileira

A realidade de 2025 é reflexo de uma mudança estrutural em curso há décadas: a consolidação do setor de serviços como pilar central da economia brasileira. Estimativas apontam que o setor já representa cerca de 70% do PIB nacional, evidenciando sua crescente importância frente aos demais setores produtivos.

Esse processo é resultado de fatores como a urbanização acelerada, mudanças nos hábitos de consumo, expansão da classe média, digitalização e aumento da expectativa de vida. As cidades modernas, com demandas cada vez mais complexas e imediatas, impulsionam o crescimento dos serviços como eixo da atividade econômica.

Entretanto, esse avanço exige atenção. A formação contínua de profissionais, o acesso universal à internet de qualidade, políticas de fomento à inovação e a oferta de capacitação técnica são fundamentais para manter o ritmo de crescimento e garantir a criação de empregos qualificados.

Desafios e Oportunidades para um Futuro Sustentável

Embora o panorama atual seja positivo, ainda há entraves. A informalidade continua elevada em diversos ramos, como transporte, alimentação e serviços domésticos. A alta rotatividade em setores com baixos salários e baixa exigência de qualificação compromete a estabilidade no emprego.

A ascensão do trabalho remoto e das plataformas digitais traz à tona discussões sobre a regulação do trabalho digital. Questões como a garantia de direitos trabalhistas, previdência e benefícios precisam ser urgentemente debatidas e regulamentadas.

Em contrapartida, surgem oportunidades em setores emergentes, como saúde mental, energias renováveis, economia prateada (voltada à terceira idade), educação tecnológica e serviços altamente personalizados. Com planejamento e incentivos adequados, essas áreas podem se transformar em vetores de crescimento sustentável.

Projeções para o Segundo Semestre de 2025

As expectativas para os próximos meses apontam para a continuidade da expansão no setor de serviços. A segunda metade do ano, tradicionalmente mais aquecida pelo calendário cultural e comercial, deve estimular novas contratações, especialmente em áreas como turismo, varejo e entretenimento.

O fortalecimento das contratações temporárias nas grandes cidades e destinos turísticos, bem como a expansão dos serviços digitais — marketing, análise de dados, consultorias e suporte remoto — deve sustentar a geração de empregos.

Com a manutenção da estabilidade macroeconômica e políticas de estímulo à atividade empresarial, o setor de serviços se consolida como o principal pilar da recuperação do emprego formal no Brasil em 2025.